23 de setembro de 2010

Construção deverá quadruplicar atrativos para segurar mão de obra qualificada

Com crescimento e ganho de produtividade de 1% ao ano, como vem ocorrendo, nos próximos 12 anos teremos uma situação preocupante em relação à mão de obra qualificada”, explicou nesta segunda-feira (20/9/2010) o professor Fernando Garcia, da FVG – durante a reunião do Grupo de Trabalho de Mão de Obra com os GTs de Habitação e Infraestrutura, bem como as consultorias FGV e LCA, contratadas para o 9º Construbusiness, do Departamento da Indústria da Construção, Deconcic, da Fiesp.

Dados do Sinduscon e FGV mostram que de julho de 2010 até agora houve um crescimento de emprego de 1% ao mês. O ritmo de contratações vem superando o de demissões e o estoque aumentando 1% ao mês desde janeiro de 2007 com tendência de alta. No segundo trimestre de 2010, segundo a FGV, houve um crescimento sustentável em todas as frentes:

“De acordo com esses dados, o emprego na construção civil está crescendo em todas as regiões do País, de 9% a 10% ao ano nas regiões Sul e Sudeste e de 24% a 25% ao ano no Nordeste. A mão de obra qualificada nas construtoras e as vendas de materiais de construção de comércio varejista – que apontam também a demanda por produtos que vem do setor “formiguinha” e para construção de autogestão e que também vão demandar mão de obra para reformas – estão crescendo ao ano à taxa de 20% acima da inflação”, alertou Garcia.

O mercado brasileiro muito aquecido trouxe, de acordo com o professor da FGV, a queda da taxa de desemprego. “Um fenômeno que não acontece especificamente só na construção civil. Toda a atividade econômica está aquecida e há um ritmo de contratação muito forte em todos os setores. O País está chegando a um nível de desemprego a um patamar inferior a 7%. Em algumas regiões, particularmente na região metropolitana de Belo Horizonte, já chegou a 4% – considerado o nível mínimo de taxa de desemprego, que é o friccional (pessoa que sai de um emprego e está a procura de outro) ou seja, estamos chegando no pleno emprego da mão de obra”, destacou Garcia.

Durante o encontro, que contou a presença do coordenador do GT Habitação, João Claudio Robusti, do GT Infraestrutura Manuel Rossitto e os coordenadores da Mão de Obra Universitária e da Mão de Obra Especializada, respectivamente, Soridem Rodrigues e Dilson Ferreira, questões sobre capacidade instalada também foram discutidas.

“Seja na indústria de materiais de utilização de capacidade instalada seja na economia como um todo – em que a taxa de desemprego teve forte redução – o contingente de mão de obra, que pode ser capturado rapidamente e treinado para ser colocado numa obra está desaparecendo. E a tendência é que nesse ciclo de crescimento com os eventos da Copa do Mundo, Olimpíadas e Pré-sal a demanda por de mão de obra aumente ainda mais. A expectativa é que a taxa de desemprego se reduza mais na próxima década e chegue ao patamar dos anos 70, época em que a cadeia de construção civil teve um bom desempenho no Brasil com taxa de desemprego de 3,5 a 4,5% ao ano”, contou o professor da FGV.

Garcia informou, ainda, que com o aumento do emprego formal e a melhora no nível de qualificação da mão de obra, o setor de construção vai ter de disputar mais os profissionais. “O setor vai ter que encontrar meios de tornar esse setor bastante atrativo”, argumentou.

Durante o encontro, Rossitto sugeriu estudar o mercado de São Paulo separadamente do resto do Brasil e Robusti propôs a divisão do trabalho em metas, a cada quatro anos com acompanhamento anual.

A terceirização e a redução da jornada de trabalho também são preocupações do Grupo de Trabalho que estuda a mão de obra no Brasil.

Segundo José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da entidade, membro do Conselho Superior da Construção e diretor-titular do Deconcic, o futuro da mão de obra no Brasil é preocupante. “Assim criamos dois grupos especiais – Mão de Obra Universitária e Mão de Obra Especializada – para estudar formas de preparação adequadas para o setor”, declarou.

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