25 de maio de 2010

Futuro do mercado imobiliário está na demanda da classe C

Consultoria diz que aumentou a participação do mercado de renda média na oferta de imóveis novos e que a demanda chega a 10,4 milhões de unidades até 2016


A classe média popular vai dominar o mercado residencial brasileiro nos próximos anos, segundo recente estudo da consultoria MB Associados. De acordo com as projeções da empresa, a classe C, com renda familiar de três a 10 salários mínimos, terá uma demanda habitacional potencial por 10,4 milhões de imóveis até 2016.


A procura é medida pelo número de novas famílias que surgem em cada classe, incluindo-se na avaliação pessoas que partem para morar sozinhas, como um filho de sai de casa ou um divorciado. A consultoria exclui o déficit habitacional – condições precárias e coabitação, que atingem 7 milhões de famílias, 80% das quais na classe D e E – do calculo de demanda potencial.


O economista da MB Associados Sergio Vale crê que grande parte da procura se direcione para a compra de imóveis novos, dada a rápida expansão do crédito imobiliário e o aquecimento desse mercado. A demanda potencial da classe C é, inclusive, maior que a de todas as classes, que é de 9,5 milhões até 2016. O fenômeno se explica pela migração prevista, para a classe C, de famílias e classe D e E, com a continuidade do processo de crescimento econômico e redução da pobreza. Como as classes D e E vão diminuir, elas apresentarão uma demanda negativa de 2,4 milhões naquele período – isto é, essa será a redução do número de famílias nas duas classes mais pobres. Já o aumento do número de famílias da classe A e B (acima de 10 mínimos) será de 1,6 milhão até 2016.


- O foco do setor nos próximos anos tem de ser a classe C, que é uma classe média, e não as classes mais baixas, D e E, que estão diminuindo – diz Vale.


Os financiamentos residenciais no Brasil atingiram o pico histórico de quase 700 mil unidades em 2009, comparado a cerca de 250 mil em 2004. O maior salto foi nos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), cujo volume financeiro subiu de R$ 2,2 bilhões em 2004 para R$ 30 bilhões no ano passado. Os dados são do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Mesmo com esse avanço, a participação do crédito habitacional brasileiro no PIB, de 3% em 2009, fica muito abaixo de países como México, China, Chile, Malásia e África do Sul, onde atinge respectivamente 9%m 10%, 14%, 30% e 34%.


Segundo a MB Associados, houve uma aumento da participação do mercado de renda média e de renda baixa na oferta de novos imóveis. Dados levantados pela incorporadora Cyrela, afirma Vale, mostram que a fatia do segmento econômico no total de lançamentos de imóveis residenciais na Grande São Paulo ampliou-se de 31% para 45% entre 2004 e 2009. No Rio de Janeiro, a categoria econômica saltou no mesmo período de 17% para 29% do total de lançamentos. Os imóveis econômicos são definidos como aquelas com preço entre R$ 1,9 mil e R$ 2,7 mil o metro quadrado.

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