Cresce oferta de casas e apartamentos avaliados em mais de R$ 1 milhão nas áreas nobres de grandes centros urbanos
Os classificados não negam: imóveis com preços milionários, ainda que longe do orçamento da maioria dos brasileiros, são cada vez mais corriqueiros, sobretudo nas áreas nobres de grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na zona sul carioca, por exemplo, 74% dos apartamentos de quatro quartos custavam mais de R$ 1 milhão em 2010 parcela bem acima dos 47% registrados no ano anterior, revela pesquisa realizada pelo Secovi Rio (Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro). Mesmo entre as unidades mais acanhadas, de três quartos, 27% das ofertas alcançavam a casa do milhão, em comparação com meros 11% no ano anterior.
Longe do mar, em São Paulo, nos primeiros dez meses de 2010, chegaram ao mercado 2023 novos apartamentos e casas em condomínios nessa faixa de preço. A quantidade é 59% a maior que a registrada em todo ano de 2009, conforme revelam dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
Estatísticas assim refletem as altas do mercado, bem acima da inflação. O caso de Brasília é emblemático. Na Asa Sul, zona de maior valorização da capital, o preço médio do metro quadrado dos apartamentos costuma oscilar entre R$ 6,5 mil e R$ 8 mil em 2008, o valor ficava em torno de R$ 3,2 mil, como conta o presidente do Secovi DF, Carlos Hiram Bentes David. Com preços assim, não é para menos que os apartamentos de quatro quartos na área custem em média R$ 1,5 milhão.
Em São Paulo, o metro quadrado dos lançamentos imobiliários ficou 29% mais caro na média dos primeiros dez meses de 2010 em comparação com 2009. Os dados são de levantamento realizado pela empresa de pesquisas imobiliárias Geoimóveis. Mais acentuada ainda foi a alta do Rio de Janeiro, de 55% em média no ano passado (2010), segundo estimativas do Secovi Rio. Como resultado, no Leblon bairro com o metro quadrado mais salgado do Brasil, na casa dos R$ 12 mil - 97% das unidades de quatro quartos e 66% das de três não saem por menos de R$ 1 milhão.
Assim como ocorre pelo Brasil afora, o mercado imobiliário carioca é impulsionado pela demanda resultante da estabilidade econômica, baixo desemprego, juros menores e crédito farto para o financiamento imobiliário. Mas não só. O Rio tem também suas particularidades. A proximidade das Olimpíadas e a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros ajudaram a valorizar os imóveis da cidade, diz o vice-presidente do Secovi, Rio Leonardo Schneider.
Crédito
Sobem os preços, crescem também os financiamentos milionários. No Bradesco, por exemplo, 6% das operações de crédito imobiliário se destinam à compra de imóveis de valor superior a R$ 1 milhão. A fatia é três vezes maior que a registrada em 2005, conta o diretor do banco Claudio Borges. Segundo ele, parte considerável dessa demanda vem de proprietários de outros imóveis, geralmente localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Brasília. Incentivada pelos juros mais camaradas, essa gente agora busca dinheiro no banco para comprar uma nova propriedade.
Por envolverem bens de mais de R$ 500 mil, essas operações ocorrem fora do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e não dão direito à utilização do fundo de garantia no pagamento. De acordo com o executivo, os juros do mercado costumam ficar em torno de 10,5% - taxa que já inclui os costumeiros descontos concedidos para fechamento do negócio. O custo é vantajoso na comparação com os velhos tempos.
Em 2007, os juros fora do SFH costumavam variar entre 13% e 13,5%, compara Borges.
Ainda assim, os financiamentos para imóveis avaliados em mais de meio milhão de reais custam mais que os do SFH, que tem taxas em torno de 10% ao ano para propriedades com valor entre R$150 mil e R$ 500 mil e juros geralmente na casa dos 8% para casas e apartamentos mais baratos.
Longe do vizinho
Se dinheiro não for problema, o que esperar de um imóvel milionário? Esqueça salão de festas, churrasqueira no jardim, espaço gourmet, sauna, brinquedoteca ou banhos de sol com a vizinha atrativos que tanto encantam a classe média. A área de lazer costuma ser tímida nos imóveis de luxo, com valor acima de três milhões de reais em São Paulo, afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor de estudos de mercado da Embraesp. Ele explica: Os moradores de condomínios para alta renda não querem dividir espaço com outros moradores.
A visão é compartilhada por José Eduardo Cazarin Silva, sócio da Axpe Imóveis, especializada em propriedades de alto padrão. O máximo que esse público busca é academia ou piscina aquecida com raias para manter a forma, diz. Para puro lazer, preferem viajar para casa de campo ou de praia.
Com tanto apreço pela privacidade, quanto menos apartamentos o prédio tiver, mais vale a propriedade.
Número considerável de vagas na garagem também é essencial no segmento de alto padrão. É de praxe lugar para três ou quatro veículos nos lançamentos paulistanos com preço de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões. Nas unidades ainda mais caras, os novos apartamentos costumam garantir lugar para pelo menos cinco automóveis, segundo Pompéia, da Embraesp. Melhor ainda se pelo menos uma das vagas for totalmente fechada os chamados boxes, que escondem o carro de estimação dos olhares alheios.(IG-UltimoSegundo)
21 de janeiro de 2011
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