7 de maio de 2013

Valorize o seu imóvel



O arquiteto Caetano Del Pozzo só comprou o apartamento onde mora, em Higienópolis, depois de ver outra unidade conservada como na época da construção do prédio da década de 1950. O que viu o fez se decidir pela compra. O imóvel de 180 m² estava em péssimas condições e o negócio foi fechado por R$ 440 mil, abaixo do valor de mercado, há cerca de dois anos. O antigo dono precisava do dinheiro urgente para não perder um negócio Depois de passar pela reforma, que custou pouco mais de R$ 200 mil e foi concluída em menos de quatro meses, o imóvel está avaliado hoje em R$ 1,3 milhão, segundo ele.

A reforma só preservou o lavabo. Os três quartos originais deram lugar a uma única suíte; o banheiro de empregada foi sacrificado com a mudança do local da área de serviço e a cozinha se abre para a sala, integrando os espaços sociais. O restante do imóvel foi ocupado por ampla sala que reúne escritório, piano e home theater, integrada a ala íntima, que inclui um closet.

Com a personalização, o proprietário sabe que no momento de vender, terá de esperar por comprador, ou compradores, com perfil semelhante: casal low profile, sem filhos, que goste de cozinhar e de receber amigos. Mas não faltam candidatos. E dispostos a pagar pelo preço atual.

Como se vê, reformas em imóveis novos ou usados, de qualquer padrão, além do conforto do morador também trazem valorização no momento da venda.

Os profissionais da área apontam alguns critérios para que o proprietário consiga agregar valor ao patrimônio. As indicações vão desde a adoção de padrões neutros nos revestimentos e cores claras na pintura, até a opção pelo uso de material que dará praticidade na hora da faxina. Medida que tornou-se mais interessante, levando em conta a redução da carga horária de empregados domésticos, em consequência da recente alteração na legislação trabalhista.

A opção por derrubar ou acrescentar paredes, mudar portas, substituir revestimentos e adotar uma decoração personalizada não é recomendada pela maioria dos especialistas do mercado imobiliário. A exceção são os imóveis destinados à classe A, onde é comum o morador substituir praticamente tudo. Ao que parece, Del Pozzo não se preocupou com esta recomendação, embora tenha conseguido valorizar seu patrimônio.

O superintendente comercial de imóveis prontos da Lopes Imobiliária, Eduardo Campos, diz que a técnica construtiva atual permite aos edifícios recentes ter uma laje totalmente livre de colunas, o que torna possível movimentar as plantas de diferentes formas. Por isso, algumas construtoras já oferecem opções diferentes de divisão de espaços e acabamentos – mais comuns em empreendimentos novos, a partir de 100 m².

Se a reforma for para valorizar o imóvel pronto, Campos aconselha que o proprietário tenha em mente o preço de mercado, pois aquilo que foi modificado ou acrescentado nem sempre agrega valor proporcional ao que foi gasto. Em um cálculo rápido, ele estima que o custo não deva passar de 10% do valor da propriedade em imóveis na faixa de R$ 600 mil a R$ 800 mil, enquanto para os imóveis até R$ 3 milhões o gasto pode ultrapassar 20%, considerando o tamanho da unidade e o padrão de acabamento exigido.

Essa também é a recomendação do presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto. Para ele, um jeito fácil de definir quanto gastar em uma reforma é somar o orçamento da obra ao valor médio do metro quadrado na região. Se o valor final ficar muito acima, não vale a pena, a não ser que o objetivo seja recuperar o imóvel com obras estruturais ou de manutenção, indispensáveis para conservar o patrimônio. Inclui a substituição das redes hidráulica e elétrica em imóveis com mais de 20 anos e a adaptação para permitir a conexão de equipamentos de internet, TV a cabo ou ar condicionado.

Viana Neto, porém, defende que é melhor assumir os eventuais problemas de um imóvel do que tentar escondê-los com reformas superficiais no momento da venda. “O Código Civil determina a responsabilidade do corretor nesses casos e o Código do Consumidor protege o comprador contra atitudes que podem revelar má-fé, transformando a venda em um péssimo negócio para os envolvidos.”

Com informações do Estadão

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