14 de setembro de 2010

Credito Imobiliario ganha reforço

O crédito imobiliário nunca foi tão farto e de fácil acesso no Brasil. Somente este ano, até o início deste mês, a Caixa Econômica Federal (CEF) já emprestou R$ 47,6 bilhões em financiamentos habitacionais, mais do que os R$ 47,05 bilhões alcançados em todo o ano de 2009. O desempenho do setor já fez o banco aumentar as projeções do volume financiado até dezembro, saltando de R$ 60 bilhões para R$ 70 bilhões – um reforço, portanto, de R$ 10 bi. “Mantido o ritmo atual de contratações, o crédito imobiliário da Caixa deve atingir R$ 70 bilhões até o fim do ano. O mais importante é que não se trata de um acontecimento sazonal ou isolado, mas, sim, de um círculo virtuoso sustentável”, afirmou a presidenta do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho.


Se as previsões forem concretizadas, 2010 terminará com alta de 48,8% no valor dos financiamentos imobiliários, um recorde absoluto em relação aos anos anteriores. O balanço também revela que o número de financiamentos, 773.247 até setembro, já equivale a 86,2% do total de 2009, quando foram assinados 896.762 contratos e deve fechar o ano em mais de um milhão de imóveis financiados. Segundo estimativas do banco, diariamente são emprestados mais de R$ 278,5 milhões para a habitação e 4,5 mil novos contratos são fechados.


Mas não é só o país que experimenta números inéditos. Minas Gerais também deve fechar com altas expressivas em relação a 2009. No acumulado no ano até setembro, já foram contratados R$ 5,47 bilhões em todos os programas habitacionais do banco no estado, o equivalente a 11,5% do total nacional, percentual superior à contribuição histórica de 10%. O período de crédito abundante é comemorado pela auxiliar administrativo Nizia Floresta Moura Feitoza, que acabou de financiar R$ 45 mil para a compra do novo apartamento. “A negociação foi rápida e tranquila, sem muita burocracia”, afirma. Prestes a receber as chaves do apartamento de dois quartos, ela já faz os cálculos para quitar a dívida na metade do tempo contratado. “Está financiado em 10 anos, mas pretendo pagar em cinco”, planeja.


Se mantido o ritmo atual de empréstimos, o estado deve alcançar R$ 8 bilhões em financiamentos imobiliários este ano, contra R$ 5,796 em 2009, uma elevação de 38%. “Neste mesmo período no ano passado, tínhamos contratado R$ 3,527 bilhões e já superamos este número em 55%. Em unidades vendidas, o número saltou de 75.708 contratos para 125.394, alta de 65,6%”, afirma o gerente regional da Caixa Econômica Federal (CEF) em Minas Gerais, Marivaldo Araújo Ribeiro.


Em todo o Brasil, do total aplicado pela Caixa, R$ 21,4 bilhões tiveram como fonte de recursos a caderneta de poupança e R$ 20,7 bilhões vieram do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo o restante de outras fontes. Em Minas Gerais, a poupança foi responsável por R$ 2,637 bilhões e o FGTS de R$ 2,831. “Desse volume do FGTS, tem uma parte que é o do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), correspondente a R$ 565 milhões. A novidade foi o Minha casa, minha vida com recursos do FGTS que voltou a competir com o volume de contratações da poupança”, explica Marivaldo.


NOVOS RECURSOS Com recordes atrás de recordes, a Caixa já começa a se preparar para a possível escassez de recursos da poupança para o financiamento imobiliário. “Já estamos preocupados com o futuro, mas para os próximos três ou quatro anos temos recursos suficientes. Persistindo esse crescimento, há uma preocupação de criar novas fontes de financiamento”, afirma Marivaldo.


Ainda este ano, o banco já planeja iniciar a venda de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) em suas agências. “Devem ser emitidos de R$ 300 a R$ 400 milhões de CRI como um teste de captação. Verificada a aceitação do mercado, deveremos avançar nas emissões”, acrescenta Marivaldo. De acordo com Jorge Hereda, vice-presidente de Governo da Caixa, cerca de R$ 20 bilhões já estariam prontos para uma securitização, com "nível de padrão de contratos semelhante" e "taxas de juros que podem ser compatíveis para esse mercado que existe hoje".
Os contratos habitacionais da Caixa que tiveram como fonte de financiamento os recursos do FGTS também estão sendo avaliados na securitização da carteira de crédito do banco. "Nada está descartado. Estamos iniciando o processo e fazendo análises. A questão de securitizar fundo de garantia passa muito pelas condições de juros que existem na economia", acrescentou Hereda. Investimentos internacionais também são estudados. “Há interesses externos de trazer recursos através de fundos imobiliários, securitização e outros. Este é um mercado muito propício”, avalia Marivaldo.


A Caixa garante que alternativas não faltam e que o brasileiro interessado em comprar a casa própria deve ficar tranquilo. “As famílias não precisam ficar preocupadas porque novas alternativas estão sendo estudadas. O governo não vai deixar que este ciclo virtuoso para a habitação seja interrompido. Ainda temos um déficit habitacional enorme a ser resolvido”, pondera Marivaldo. (Com agências)

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