A novela da TV Globo "Salve Jorge" levantou a polêmica: afinal, será que os tapetes que chamamos de persa são, de fato, turcos? Fomos atrás dos especialistas no assunto para esclarecer a questão e descobrimos que a história não é bem assim. E que para diferenciar um tapete de outro é preciso uma análise cuidadosa de materiais, estampas, resistência da malha e qualidade da matéria-prima.
“A densidade de um tapete artesanal está relacionada à quantidade de nós na malha. Quanto mais apertados e numerosos forem os nós, mais denso e resistente ficará o tecido”, diz Marcílio Marques, gerente geral da Vitrine. “Já a matéria-prima deve ser bem produzida e passar por um tingimento adequado, sem afetar a qualidade do produto.”
Além de ser mais resistente, um tapete com muitos nós possui desenhos com mais definição. Para se ter uma ideia, os modelos orientais apresentam, em média, 50 nós por cm², sendo bastante duráveis. A maneira como um nó é confeccionado também diz muito sobre o tapete. A técnica turca, por exemplo, é feita em movimentos contínuos e circulares – dois fios para cada urdidura (linha vertical do tear). De modo diferente, o nó persa é mais simétrico e tem apenas um fio em cada urdidura, ficando menos resistente.
A confecção da malha ainda pode revelar se o tapete foi tecido manualmente ou não. A maioria dos artesanais apresenta franjas, indicando o trabalho com os nós na urdidura interna. Outro fator que ajuda na hora de diferenciar os produtos é analisar a textura dos materiais. Os tapetes feitos industrialmente não possuem nós e, por isso, recorrem a resinas para deixar a pelagem firme. “Os artesanais demandam mais tempo de produção, custam caro e são bastante valorizados”, diz Guiliana Michelino, designer da Oka Design Tapetes Contemporâneos.
Tradição e antiguidade são alguns dos aspectos que valorizam um tapete. Os modelos persas, por exemplo, estão entre os mais caros do mundo e seu metro quadrado pode alcançar a marca dos US$ 15 mil. “Para reconhecer um legítimo persa, o truque é observar se o verso é nítido e idêntico ao trabalho frontal”, afirma Navid Rasolifard, proprietário da Tabriz Collection. Quanto aos materiais usados, é comum encontrar modelos de lã, algodão e seda (mesmo sendo pouco resistente).
Persa: modelos confeccionados no Irã, antiga Pérsia, que registram sua marca por meio de desenhos geométricos, medalhões e florais. As cores mais usadas são vermelho, amarelo e azul. É comum a presença de algodão e lã no corpo do tapete e seda no contorno dos desenhos.
Indiano: os tapetes não possuem tanta nitidez nos desenhos, mas abusam de florais nas estampas. Para os materiais, eles recorrem a uma mistura de viscose (substituto popular da seda) e lã. Apresentam bastante resistência.
Turco: de cores primárias vivas e fortes, os modelos fabricados na Turquia são repletos de figuras geométricas, animais e imagens de jardins. Os exemplares mais antigos recorrem à lã como material básico.
Europeu: um típico exemplo é o modelo Aubusson, criado no século 18 na França, que prioriza desenhos de arranjos florais. A estética é baseada em tonalidades neutras e estampas clássicas .
Asiático: os modelos chineses buscam no movimento e na maciez seu trunfo de venda. Por isso, capricham no uso de fios altos (com mais de 10 centímetros) e buscam escolher as cores da moda.
Novos materiais
Mesmo com a tradição de materiais como lã, algodão e seda na confecção de tapetes, hoje é possível encontrar alternativas no mercado. Modelos de nylon, juta, bambu, sisal e linho oferecem boas opções e já mostram sua força. Um exemplo disso é o trabalho de Nara Guichon. A designer busca um diferencial nos tapetes de algodão com redes de pesca de um centímetro de largura. “Trabalhamos o material reciclado no ateliê até chegar à largura ideal. As redes são resistentes e nos permite criar produtos personalizados”, afirma.
Com informações do portal de notícias IG
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