4 de junho de 2010

Lotéricas podem negociar crédito para casa própria

Expansão. Qualquer lotérica pode ser agente imobiliário, basta preencher requisitos exigidos
Muita gente não sabe, mas o financiamento da casa própria também pode ser feito por meio das casas lotéricas, desde que credenciadas pela Caixa Econômica Federal (CEF). De dezembro de 2009 a maio deste ano, o número de agências autorizadas a fazer essa intermediação no país cresceu 80%, passando de 155 para 270 canais de atendimento, de acordo com levantamento da estatal. Em 2009, a Caixa movimentou cerca de R$ 127 milhões em financiamento através das lotéricas. De janeiro a maio deste ano, o volume já chega a R$ 176 milhões.

A comissão das agências varia de R$ 15 até 1% do valor da operação. A Caixa informou ontem que autoriza qualquer casa lotérica a preparar todo o processo para concessão do crédito habitacional.

A lotérica abre o processo e prepara a documentação. Se estiver tudo em ordem, o cliente precisa ir à agência bancária apenas para assinar o contrato. "Nós acreditamos que assim que as lotéricas perceberem as vantagens, elas vão aderir", disse o gerente nacional da rede lotérica da Caixa, Antônio Carlos Barasoul.

Ele lembra que em um financiamento de R$ 100 mil, a comissão pode chegar a R$ 1 mil. Até mês passado, 2.746 contratos foram encaminhados à instituição, via casa lotérica. Para ser autorizada, continua Barasoul, o empresário deve, primeiro, manifestar o interesse junto ao banco. Outros requisitos são possuir local e sinalização adequados para atender os clientes, destacar um funcionário para receber treinamento e assinar um termo aditivo para prestar o serviço.

O engenheiro civil Hermilo Rodrigues Pereira da Silva, 57, é um dos 40 agentes lotéricos de Minas Gerais credenciados pela Caixa. "É um pouco chatinho, mas ao mesmo tempo é gostoso ver a pessoa realizar o sonho da casa própria". Ele é dono de uma lotérica na Feira dos Produtores, no bairro Cidade Nova, região Nordeste de BH. Desde 2008 atua como correspondente bancário e imobiliário e já encaminhou cerca de 20 contratos para a CEF.

"Organizo toda a papelada, preencho as guias e até acompanho o cliente na hora da assinatura do contrato", diz. Além de atender a clientela do bairro, já prestou serviço para parentes e funcionários. O presidente do Sindicato dos Lotéricos de Minas Gerais (Sicoemg), Marcelo Gomes de Araújo, avalia que a iniciativa é positiva. Ele afirma que há três anos encaminhou proposta à Caixa para que a casa lotérica se transformasse em um "balcão de negócios", com a venda de seguros, consórcios, entre outros serviços. "Para isso é preciso que as agências estejam preparadas e com pessoal treinado", completou. Segundo ele, a proposta ainda se encontra em análise.

O consultor jurídico da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG), Kênio Pereira, avalia que qualquer iniciativa para aumentar o acesso das pessoas à casa própria "é saudável". "Mais isso deve ser feito em local adequado e por meio de pessoas altamente qualificadas", salienta.

Sul lidera em número de concessão
Segundo o gerente nacional da rede lotérica da Caixa, Antônio Carlos Barasoul, o Estado do Rio Grande do Sul é o que mais aderiu à modalidade de prestação de serviços. De janeiro a maio, as 92 casas lotéricas credenciadas no Estado foram responsáveis pelo encaminhamento de 919 contratos de financiamento, em um valor total de R$ 54,4 milhões. Para se ter uma ideia, o volume em Minas Gerais foi de R$ 18,2 milhões, no mesmo período.

Panorama
De janeiro a maio, 2.746 contratos foram encaminhados à Caixa Econômica Federal, por meio das casas lotéricas em todo Brasil.

No mesmo período, as 40 lotéricas credenciadas em Minas Gerais foram responsáveis pelo envio de 328 contratos de financiamento da casa própria, com uma movimentação de cerca de R$ 18,2 milhões.

No país, há cerca de 10.344 casas lotéricas. Desse total, 270 atuam como correspondente imobiliário.

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