8 de junho de 2010

Saiba quando alugar é mais vantajoso que comprar um imóvel

Comprar a casa própria é o sonho de grande parte dos brasileiros. E esse sonho se tornou mais próximo da realidade nos últimos anos, em função das diversas linhas de crédito disponíveis nos bancos para financiamento imobiliário, prazos mais longos de pagamento e subsídios do governo federal para a aquisição da moradia, com o programa Minha casa, minha vida. Com as contas na ponta do lápis, no entanto, a compra da casa própria nem sempre é o melhor negócio, segundo especialistas em finanças pessoais. A alta da taxa de juros do crédito imobiliário, o risco de desvalorização do imóvel e o prazo longo para a quitação dos empréstimos podem fazer com que o aluguel seja mais vantajoso do que a compra.


“A aquisição do imóvel pode valer a pena se a pessoa for morar nele. É uma ilusão achar que a tendência é só de valorização, já que o bem sofre depreciação. Além disso, os custos para a manutenção do terreno são elevados, como o pagamento do condomínio e impostos”, afirma Jurandir Fel Macedo, planejador financeiro e professor de finanças da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A reforma de um imóvel com 20 anos de uso, por exemplo, vai consumir recursos que equivalem à faixa de 20% a 30% do valor do bem, estima o consultor.


Macedo ressalta que desde julho de 1994, início do Plano Real, um investimento de R$ 10 mil aplicado em um título público vinculado à Selic (taxa de juros básica da economia) valeria, hoje, cerca de R$ 240 mil. “Pouquíssimos imóveis tiveram essa valorização. E, em alguns fundos ou ações, esse rendimento poderia ter sido ainda maior”, afirma.


A rentabilidade média dos aluguéis sobre o valor dos imóveis em Belo Horizonte variou de 0,28% a 0,55%, segundo pesquisa da Fundação Ipead, divulgada em abril em parceria com a Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG). “Pelo lado racional e financeiro, vale mais a pena alugar o imóvel. Mas é lógico que não pode ser deixada de lado a parte emocional e a vontade de comprar a casa própria, pois as pessoas ficam mais animadas a fazer reformas e investir no bem”, ressalta Macedo.


Na avaliação do especialista, a compra do imóvel, atualmente, é mais favorável para as famílias de baixa renda (rendimento mensal de até R$ 1,5 mil), pois elas contam com subsídios maiores nas linhas de financiamento dos bancos, o que leva a taxas de juros mais baixas embutidas nos empréstimos. Além disso, proporcionalmente, o valor do aluguel de um imóvel para a baixa renda é mais alto do que uma unidade de luxo. Antes de contrair um financiamento, na avaliação de Macedo, é recomendado que o interessado junte uma boa parte do valor da quantia do imóvel para dar de entrada.


Já o presidente da CMI-MG, Ariano Cavalcanti de Paula, faz ressalvas em relação ao investimento em imóvel. “Nos últimos tempos, o mercado está muito aquecido e o valor das unidades está subindo muito. Depois que a pessoa terminar de juntar o dinheiro, pode ser que não consiga comprar o imóvel”, diz. Ele concorda que o interessado na compra da casa própria deve tentar sempre pagar o máximo do valor à vista, mas avalia que nem sempre vale mais a pena comprar. “Se a pessoa está morando na cidade só por um período ou investindo em outra atividade mais rentável, vale mais a pena alugar”, afirma Cavalcanti de Paula. Ele ressalta que o imóvel é um produto caro e a decisão de compra deve ser tomada com segurança.


O diretor-presidente da imobiliária Lar Imóveis, Luiz Antônio Rodrigues, avalia que a compra da casa própria depende da necessidade individual. “Muitas vezes, a pessoa não quer abrir mão da vida particular e do lazer para investir no imóvel. Ou então tem uma reserva de dinheiro e quer capitalizar a própria empresa”, observa Rodrigues. Ele lembra que, como os índices de inflação estão baixos, assim como o rendimento das aplicações financeiras, muitos imóveis exibem valorização superior àquela mostrada pelas opções de investimento nos bancos.(GeorgeaChoucair-Estaminas)

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