Mão de obra deve ser um dos principais gargalos durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. A conclusão está na Sondagem Especial sobre a Indústria de Construção realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), divulgada ontem, em São Paulo.
O estudo constatou que 85% das empresas do setor acreditam que a Copa trará impactos positivos para a indústria de construção. No entanto, 71% delas afirmam que a falta ou o alto custo da mão de obra poderá ser um grande obstáculo para a realização do evento.
"Sem dúvida, mão de obra será um dos maiores gargalos na preparação para a Copa, mas também haverá efeitos da burocracia e da carga tributária", afirma o gerente-executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Mesmo assim, o levantamento, realizado em 411 empresas entre os dias 1º e 15 de julho de 2011, indica que cerca de 47% das indústrias de construção acreditam que o impacto final da realização da Copa será positivo para elas. Por outro lado, 45% não acham que haverá grandes efeitos. Apesar de otimista, 65% das companhias de construção ainda não percebem na prática os efeitos e acreditam que eles só aparecerão entre 2012 e 2014.
Para o economista-chefe da CBIC, Luis Fernando Mendes, a intensificação das obras pode causar um certo desequilíbrio na área de mão de obra, uma vez que o setor já registrou forte expansão em 2010 e a desaceleração em 2011 é pequena. "Ainda temos o problema de falta de qualificação dessa mão de obra. O ritmo, porém, este ano não está tão intenso quanto no ano passado, o que pode amenizar o problema", diz.
Mendes admite que poderá ocorrer migração de mão de obra de projetos voltados para mercados como residencial para obras públicas. Mas a introdução de novas tecnologias de construção, segundo ele, como placas e outros produtos pré-fabricados, pode ajudar a amenizar o problema. "Ao invés de colocar tijolo por tijolo, entra a alvenaria industrial, especialmente na área residencial", explica.
O vice-presidente de economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Eduardo Zaidan, não acredita na introdução tão rápida dessas novas tecnologias, até porque seria necessário treinamento.
Segundo ele, pesquisa feita no primeiro trimestre de 2011 pela entidade mostrou que já existem cerca de 3 milhões de trabalhadores na construção civil no Brasil, setor que responde por 5% do Produto Interno Brasileiro (PIB), 30% dos quais em São Paulo.
O volume é praticamente o dobro do que havia há cinco anos e não há perspectivas de se incluir muito mais do que isso. "A única saída é a capacitação para aumento de produtividade e isso leva tempo. Não há solução milagrosa", diz.
O problema com mão de obra deve pesar também nos custos para a preparação da Copa, uma vez que esse componente representa cerca de 50% dos custos de uma obra, segundo o Sinduscon.
Com Informações do DCI Online.
19 de outubro de 2011
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