8 de novembro de 2011

Para investidores de longo prazo, governança corporativa é item fundamental

A governança corporativa é vista como um item decisivo para investidores de longo prazo e as empresas que não possuem bons níveis de governança acabam sendo excluídas do portfólio desses investidores. A opinião é do gerente-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho.

“Os investidores de longo prazo estão muito interessados em padrões elevados de governança corporativa. Eles se preocupam e buscam investir em empresas que garantam seus direitos como acionistas minoritários”, afirma Portinho.

Segundo ele, as companhias que não adotam estas práticas acabam sendo banidas do portfólio dos investidores de longo prazo. “Aquela pessoa que investe pensando lá na frente está preocupada com seus direitos e opta por empresas que os garantam”, afirma o gerente do INI.

O sócio-diretor da consultoria financeira Finacap, Samuel Emery, concorda. “A melhor coisa que o investidor pode fazer em relação às empresas que não adotam práticas de governança corporativa é deixar de investir nelas”, diz.

Médico por formação, Emery é um típico investidor ativista, sempre preocupado com os direitos dos minoritários dentro do universo dos investimentos de renda variável. Para ele, ainda falta muito para que as empresas brasileiras tenham um padrão de governança corporativa elevado, mas houve uma mudança significativa nos últimos anos.

“Quando comecei a investir, as companhias se preocupavam muito menos com o acionista minoritário. Atualmente, isso mudou bastante, mas ainda está longe do ideal”, acredita. “Este é um processo evolutivo, ainda deve demorar bastante para chegar em um nível avançado”, continua Emery.

Novo Mercado


Segundo ele, uma das principais mudanças aconteceu no final do ano 2000, quando a BM&FBovespa lançou segmentos especiais de listagem das empresas, desenvolvidos, segundo a própria bolsa, “com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimulasse, simultaneamente, o interesse dos investidores e a valorização das companhias”.

Com isso, foram criados os níveis diferenciados de governança corporativa, entre eles o Novo Mercado, considerado o mais elevado padrão neste sentido. Entre os direitos garantidos aos investidores que fazem parte do Novo Mercado, está o tag along de 100% (no caso de venda do controle da companhia, todos os acionistas – inclusive os minoritários - têm direito a vender suas ações pelo mesmo preço) e a divulgação de dados financeiros mais completos, incluindo relatórios trimestrais com demonstração de fluxo de caixa e relatórios consolidados revisados por um auditor independente.

Além disso, as companhias listadas neste nível de governança só podem emitir ações com direito de voto, as chamadas ações ordinárias (ON). “Com a criação do Novo Mercado e dos diferentes níveis de listagem, houve uma melhoria da relação com os minoritários e as empresas”, afirma Emery.

Com informações do Info Money.

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