Após pressão do governo, o Banco do Brasil divulgou ontem a redução de 24 tarifas bancárias e 7 pacotes de serviços. Os cortes começam a ser válidos na próxima semana e chegam a mais de 30%. A Caixa Econômica Federal também vai reduzir, nos próximos dias, os valores cobrados dos clientes por saques, transferências e fornecimento de cartões, entre outros serviços.
O corte de tarifas faz parte da nova ofensiva do governo sobre o setor bancário. No fim de setembro, a imprensa publicou reportagens mostrando que os bancos elevaram algumas tarifas. Entre eles, o Banco do Brasil, o que teria incomodado a presidente Dilma Rousseff.
Essa primeira rodada de cortes inclui 24 tarifas classificadas pelo Banco Central como prioritárias. Dessas, 22 ficam mais baratas que na Caixa, a maioria com diferença entre R$ 0,05 e R$ 0,30 no valor. Outras duas, com o mesmo preço.
A tarifa de saque, por exemplo, cai de R$ 1,70 para R$ 1,20. Na Caixa, o valor é de R$ 1,30. O pacote de tarifas padronizado passa de R$ 13,50 para R$ 9,90 no Banco do Brasil. Na Caixa, está em R$ 10. Nos dois casos, a concorrente informou que vai cortar seus valores.
Também foram reduzidos os preços das principais cestas de serviços, que custam hoje entre R$ 40,60 e R$ 49,90 e passam para R$ 38,00 por mês no BB. Nesse caso, a Caixa cobra valores de até R$ 24 e poderá manter os preços.
Ações em baixa. O anúncio do BB derrubou as ações do banco estatal, que caíram 3% ontem, dia em que a Bolsa subiu 1,27%. No mês, a ação do banco já perdeu 8%. O vice-presidente de Negócios de Varejo da instituição, Alexandre Abreu, afirmou que o ganho de escala vai compensar a redução de tarifas e não haverá grandes impactos sobre o lucro. Para ele, a medida é sustentável e vai gerar valor para o acionista no médio prazo.
"Reduzimos as tarifas mais utilizadas pelo público. As razões para isso são um ganho muito forte com clientes que passaram a utilizar o banco depois da redução dos juros e um ganho de escala que nos permite revisar para baixo alguns preços", disse. "O impacto existe, mas não é tão significativo." Segundo Abreu, as tarifas bancárias teriam de ser reduzidas por questões de mercado e o banco está se antecipando a esse movimento, assim como ocorreu em relação às taxas de juros. Afirmou ainda que, com novos ganhos de escala, não estão descartadas novas reduções.
O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, também afirmou que o corte das taxas segue a mesma lógica da redução dos juros. "É a mesma filosofia. Não há perda de receita", afirmou.
Percival disse que o banco já dobrou o ganho com tarifas neste ano e espera que esse crescimento se repita, com a demanda maior por serviços mais baratos.
Segundo Percival, o novo valor das tarifas sai nesta semana e deve acompanhar a estratégia de manter a Caixa como o banco com os menores preços do mercado.
Adaptação. O analista de bancos Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, afirmou que os bancos públicos e privados terão de se adaptar à estratégia de buscar novos clientes e aumentar as operações de crédito para manter seus ganhos. "Assim como foi feito com os juros, acredito que os bancos privados devem anunciar algumas reduções de tarifas", afirmou.
Nas últimas semanas, os dois bancos estatais anunciaram reduções em várias linhas de crédito. A Caixa também cortou a taxa de administração de alguns fundos de investimento, outra fonte de receita dos bancos.
Com informações do Estadão
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